Há pouco tempo, confessei a um amigo que frequentemente me sentia mais
como um deísta que cristão. Ele sabia exatamente o que eu queria dizer. Eu
estava tendo problemas com oração.
Um deísta não crê que Deus está envolvido ativamente no mundo, mas que
criou o universo para funcionar sozinho e foi embora. Em outras palavras, Deus
não se envolve com nosso mundo ou nossas vidas. Ele é essencialmente ausente.
Em um mundo assim, a oração seria algo sem sentido, pois Deus não escutaria,
muito menos interviria em nosso favor. Em contraste, o cristão crê que Deus é
um Deus de providência; que ele ativamente governa todos os assuntos do mundo e
está intimamente envolvido mesmo em detalhes de nossas vidas. A grama que
cresce, a morte de pássaros, a prosperidade de um, e a pobreza de outro, quando
e onde viveremos, e o dia de nossa morte são assuntos que Deus está
cuidadosamente supervisionando. Uma vez que Deus está ligado ao nosso mundo e
às nossas vidas, simplesmente faz sentido que desejemos apelar a ele em oração.
De fato, Deus nos convida a termos comunhão com ele; falar com ele sobre
nossos desejos e experiências – nossas necessidades e feridas. Ele nos chama a
chamá-lo e ele responde. Deus age. E, ainda assim, a oração é muito
frequentemente um dom maravilhoso que deixo passar despercebido. Então, quando
digo que me sinto mais deísta que cristão, estou confessando que minha vida de
oração é normalmente muito pequena, e nem sempre reflete a crença no Deus que
está lá, que se importa e se envolve. Assim, enquanto passava muito tempo
trabalhando minha prática de oração, cheguei a algumas conclusões.
Eu estava orando muito pouco.
Eu estava orando com pouca paixão.
Eu estava orando com muito pouco otimismo (essa é uma maneira legal de
dizer que eu estava orando com pouca fé).
Assim, enquanto estive pensando sobre as implicações de minha teologia
sobre oração, e procurando entendimento de como uma vida saudável de oração se
pareceria, também comecei a criar um plano para reiniciar tudo. O objetivo,
para simplificar, é desenvolver uma atitude e um espírito de oração mais
constantes a cada dia. Aqui está como recomecei minha vida de oração. Pode ser
útil para alguns de vocês por aí.
1. Defina oração corretamente.
Sim, a oração pode ser entendida simplesmente como conversar com Deus.
Mas, o que muitos precisam é de uma perspectiva teológica robusta sobre a
oração. Um dos meus tratamentos favoritos no assunto é a famosa definição de
John Bunyan. Seu conceito de oração é claro e útil.
Oração é o derramar de modo sincero, consciente e afetuoso o coração ou
alma diante de Deus, por meio de Cristo, no poder e ajuda do Espírito Santo,
por aquelas coisas que Deus tem prometido ou de acordo com a Palavra, pelo bem
da igreja, com submissão, em fé, à vontade de Deus.
Esta definição bíblica de oração merece uma considerável meditação.
Melhor ainda – leia Bunyan neste assunto. Por que isto é importante? Quanto
melhor você entender o que oração é, melhor se tornará sua vida de oração. Por
exemplo, para a oração ser legítima, Bunyan diz que deve ser afetuosa.
Isso caracteriza sua conversa com Deus, ou é ela seria mais uma recitação, uma
leitura fria de uma lista de compras com suas necessidades? Não realizarei uma
exegese dessa definição agora, mas dedique tempo pensando nas implicações. Você
pede por coisas que Deus prometeu, de acordo com a Palavra? Você ora
submetendo-se a si mesmo à sabedoria e caminhos de Deus? Você ora em fé –
crendo? Definir claramente o que oração é nos ajuda a guiar e avaliar
nossas orações.
2. Agende-se para um tempo maior de oração.
Orações casuais e espontâneas são algo bom, mas orações planejadas e
formais também são. Separe um tempo do dia para estar a sós com Deus. No início
da manhã, no fim da noite, na pausa do almoço – o que for. Dedique um tempo
para acalmar-se e entrar em um período de comunhão real com Deus. Eu sei que
alguns entendem que agendar orações parece algo artificial, mas esse tipo de
pensamento também despreza um encontro marcado com um cônjuge. Marcar uma saída
com sua esposa significa falta de intimidade? Espero que não. A verdade é que,
sem ter um horário marcado, será bem mais difícil ter um tempo maior de oração.
3. Aprenda um método de oração
Reservar um tempo a mais com Deus é complicado para muitos, e sem um
método para guiar, esses períodos são frequentemente roubados por assuntos
urgentes, ansiosos para tomar nossa atenção. Mesmo voltar ao momento de oração
pode ser difícil. Aqui está o modelo que sigo:
o
Salmo (um salmo diferente cada vez
que oro): É útil pois atrai meu foco para o caráter e a obra de Deus, prepara
minha mente e meu coração em uma direção em que posso funcionar bem durante o
período.
o
Adoração: Adorar a Deus por quem ele é, o
que ele tem feito. É focar sua glória. Os salmos são particularmente úteis
aqui, e esse aspecto da oração depende bastante de termos uma teologia bem
desenvolvida.
o
Confissão: Dedicar tempo considerando,
confessando e crucificando o pecado.
o
Gratidão: Agradecer a Deus por sua
provisão, cuidado, promessas, etc.
o
Súplica: Nossos pedidos a Deus por
necessidades nossas e de outros.
4. Crie lembretes para incentivá-lo durante o dia
Lembretes são incentivos ou suportes que nos levam a orar durante o dia.
Isso não é simplesmente adicionar outro ritual, mas chamar a si mesmo de volta
a um padrão de mente em que você reconhece que Deus está presente com você, e
que você está sempre dependente dele. Seja criativo e use a tecnologia como
lembrete. Cole bilhetes no vidro do seu espelho, post-its na
sua agenda, deixe uma mensagem de voz no trabalho, envie um e-mail para si
mesmo, consiga que amigos prometam te ligar aleatoriamente para lembrar-lhe de
orar, etc.
5. Aprimore-se na oração curta
A oração curta é um interação breve, espontânea e informal que você tem
com Deus. Pode ser louvor, pedido ou confissão. Eu digo que a oração curta deve
ser “aprimorada” porque ela não pode ser simplesmente a oração de um
preguiçoso, em que Deus é tratado com menos interesse que a moça do drive-trhu.
Para aprimorar-se na oração curta, não devemos apenas ter em mente a definição
correta de oração (é claro que ainda se aplica aqui!), também temos de nos
exercitar em “praticar a presença” de Deus. A não ser que aprendamos a caminhar
todos os dias com a consciência de que Deus está conosco e de que somos
dependentes deles, nunca dominaremos a arte da oração curta.
Traduzido por Josaías Jr | iPródigo |
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